Ribeira da Mota, junto à presa do Alquebre.
RIBEIRA DA MOTA
Das entranhas do monte
Irrompe a seiva cantante,
Em fios de fina prata,
Reluzente, bordejando leiras,
Na ansiosa procura
De um leito materno,
De um regaço de águas.
Mas o mar apela,
Como mãe pelos filhos,
E, vale abaixo,
Rasgando o verde,
Sulcando a terra,
Amaciando a fraga,
Vai a Ribeira apressada,
Fecunda, destemida,
À procura do seu destino,
Do imenso, infinito,
Azul do mar.
Parte, mas parte num risonho adeus,
Na certeza de quem sabe
Que há-de voltar:
Ao mesmo monte,
Ao mesmo leito,
E de novo ao mar.
- Américo Almeida - 2007
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